8.8.05

Multicolored lies...

Vi hoje num filme um texto sobre mentiras e fiquei pensando nelas. As mentiras que contamos aos outros, mentiras brancas e negras. E as mentiras cinzas. Algumas mentiras perdoáveis, que impedem o sofrimento alheio e muitas vezes o nosso próprio. Algumas mentiras contadas para trazer um pouco de esperança, para fazer com que as pessoas não se tornem cínicas. O problema é que o mundo parece conspirar contra, mostrar que somos uns bastards mesmo e que qualquer felicidade é uma mera ilusão, vaga e rápida, meio que para fazer essa existência imbecil parecer menos sem sentido. Como se houvessse um motivo maior para a vida. Uma alegria no fim do túnel. Amor, respeito, divisão de almas. Estou ouvindo Sancta Civitas, de Vaughan Williams. Talvez precisasse de algo meio sombrio para poder escrever. Para manter o foco. Algo que não tivesse uma conotação simplória, que fosse mais complexo, mas difícil.É difícil acreditar que haja alguma verdade em tudo o que nos rodeia. A mentira está em todos os lugares. No egoísmo alheio, que mente dizendo precisar de alguém apenas para não se sentir só, apenas para que exista um sentimento de perdão... um vazio menor do que o que é inevitável. E nos enganamos muito. As piores mentiras. Para que possamos suportar a dor que inevitavelmente viria se começássemos a pensar sobre a vida de uma forma mais realista. Porque ninguém está lá pra você, a não ser que seja por um interesse mútuo. E isso é o mais engraçado. Em alguns momentos realmente acreditamos estar lá para as pessoas, acreditamos ter amigos verdadeiros, amores verdadeiros... que evaporam ao sinal de uma mudança estrutural, conjuntural, whatever. Os sentimentos mais profundos parecem simplesmente desaparecer. Como alguém que parecia ser a sua vida, sem a qual você achava que não conseguiuria respirar, sai da sua vida e você continua respirando? Como suportar a dor de uma perda tão grande? Como ter todos os seus sonhos destruídos como se fossem um castelo de cartas, tão dura e rapidamente que você não consegue ver? De uma forma tão dura que parece esmagar tudo o que você é...Como mentiras que incialmente são tão pequenas podem encobrir a personalidade de alguém, a ponto de não enxergarmos mais nada além daquilo que queremos ver? Como tudo se esvai e não sobra nada além de dor? Costumava achar que isso não era possível, costumava ter uma visão extremamente otimista da vida. Tão otimista... Tudo daria "certo", porque vivemos para fazer as coisas darem certo. Pra encontrarmos o amor, sermos realizados. Que realização é essa que simplesmente inexiste agora? Como alguém pode passar uma vida lutando e ser deixado sem nada que realmente importe, que tenha um mínimo de significado real, fornecendo qualquer conforto, por menor que seja...

Everybody is a lie.