31.10.05

Antecipação

MEEEEEEEUUU!! Não aguento mais a antecipação. Essa coisa que não vai logo pra frente, que não chega logo e diz: pronto, decidido. Vai. Fica. Não interessa.
Hoje eu tive um dia horroroso, cheio de ansiedade, dormindo pra ver se esqueço, comendo além da conta. Pelo menos comi coisas pouco engordativas... mas estou de abobrinha até a tampa. hehehe

Ontem uma coisa muito triste me aconteceu. Triste do ponto de vista de ver que ainda há pessoas sem a menor noção, sem respeito pelo outro, que acreditam que mulheres são seres indefesos ou ainda que estão à mercê dos homens. Lastimável, realmente.

30.10.05

Contaminadinha da estrela

Ser tradutora é um saco. I mean, é uma delícia, partindo do princípio de que eu gosto do que faço, o faço bem e sou paga por isso. Mas é uma desgraça pra contaminar o português de qualquer cristão. Me policio constantemente para evitar esse tipo de iniciativa demoníaca cerebral, mas algumas vezes fica mais difícil. Esses dias saí com a Anita e o Jubilut e eles ficaram tirando sarro de mim por isso. Detalhe: eu tinha passado 12 horas dentro de uma cabine de interpretação durante o dia. automaticamente traduzindo o que eu ouvia em inglês para português e o contrário, com algumas perguntas em espanhol que tinham que ser traduzidas para o inglês E o português para esclarecer os palestrantes e os ouvintes do bendito seminário. Quem aguenta? Chegou à noite, eu não sabia mais nem o meu nome. E neguinho ainda vem tirar coco da sua cara porque você mistura, te acha arrogante, etc, etc... Ai, ai... haja paciência. Saudade da Talita, que também é contaminadinha da estrela.

Caderninho

Algumas vezes sento em frente à minha máquina e não sei sobre o que escrever. E em alguns momentos vejo coisas, leio palavras, frases, tenho alguns insights e não tenho como captar essa idéia. Preciso de um caderninho daqueles de maluco, onde ficam escritas coisas sem nenhuma conexão entre si, mas que para o dono significam uma potencial fonte de imaginação (inspiração é uma palavra muito forte para o que eu me proponho). Just a resourceful location so I can talk about something and exercise my writing.

25.10.05

Casa de cera

"- Que filme você alugou pra gente ver?
- Casa de cera.
- Creeeeedo, Ki! É filme de medo!
- Não, Chandra, acho que não é não. É lançamento da locadora. (O Guia do Mochileiro das Galáxias tava locado...)
- Ah, tá... "

... algumas horas depois, após jantar, muitas fotos, risadas, estão as duas embaixo do edredom, de cabeça coberta, morrendo de medo, perguntando: "o que tá acontecendo? você tá vendo? Aiiiii.... ecaaaa"

Nunca mais vou olhar uma vela da mesma maneira.

Pelo menos a Paris Hilton morre. Alguma coisa de bom tinha que ter.

24.10.05

Sabesp

Estava lutando há mais de um mês com a Sabesp para receber uma segunda via de uma conta de 20 reais que não foi entregue em julho. Já estava perdendo a minha paciência e logo mais perderia a minha parca compostura, pois teria que sair de casa e ir até a Agência de Atendimento da ilustre corporação, no coração de santo amaro. Após 4 ligações (uma por semana), três pedidos formais de segunda via que nunca chegaram, pedi à Sammy que ligasse e perguntasse o que poderia ser feito para ajudar, numa última tentativa de salvar o meu pescoço de ter que me arrastar até aquele lugar tão lindo, cheio de gente fina, elegante e sincera.
Trinta segundos depois chega a Samandinha dizendo que (finalmente) eles disseram que a segunda via da conta pode ser emitida pelo site da Sabesp. Qual não foi a minha surpresa ao ver que o site é bonitinho, funciona bem, já mostra as pendências, tem link direto com o banco, permite colocar as contas em débito automático... E NINGUÉM AVISA!!!! E eu apavorada porque iam cortar a minha água por uma conta de 20 reais que eu não conseguia receber! Aí, como uma cidadã imbuída do espírito de ajuda ao usuário, liguei lá e pedi para as pessoas informarem esse tipo de coisa aos ilustres usuários que ligam lá para perguntar, porque com isso se economiza em tempo de ligação, em pedido de segunda via pro correio, em dor de cabeça, em uma pá de coisa. Sei que também tenho culpa no cartório, pois não cogitei ir ao site da Sabesp. Mas sabe como é, empresa de saneamento, você não acha que vá funcionar... E não me venha com essa história de que funciona assim porque os usuários em sua maioria não possuem acesso, que temos um país necessitando da inclusão social, bibibi, bobobó porque rico também tem conta de água. Todo mundo na cidade tem. Então que os ilustres treinadores do telemarketing da Sabesp acordem e coloquem no script dos funcionários o enderecinho. Os caras podem nem saber do que estão falando, mas à menção do "dábliu, dábliu, dábliu", quem usa internet já se liga.

22.10.05

vergonha...

... achei o celular. Tava embaixo do banco do carro. [sorriso amarelo]

Requiem para um celular

Larguei meu celular em um bar. Não adianta ficar com essa cara de: "isso, bebe mesmo!". Não foi (bem) assim. Sexta-feira à noite. Encontro fantástico com uma amiga de infância, vendo gente surreal que eu não via há alguns anos... Vamos a um bar. Barzinho simpático, mais pra menos que pra mais, no Jardim Europa. Depois de algumas cervejas, comidinhas e afins, acaba a luz do lugar! Sim, amigos. Chuva e power outage! Meu celular, que estava em cima da mesa, continuou lá, impassível. Bonitinho, quietinho. Morreu lá pela terceira hora. Parou de piscar e eu parei de prestar atenção nele. Pagamos a conta e saímos no escuro. Quando cheguei em casa, cadê?
Ainda não absorvi completamente a idéia de ter tomado um chapéu do destino e ter perdido meu celularzinho tão bonitinho, novinho... que brima ganhou do TIM. Vou achar, vou achar. Quem sabe se eu mantiver a minha mente entoando esse mantra, uma boa alma fica com a consciência pesada de roubar um celular (que não importa, porque o que importa é o bendito CHIP, com todos os meus contatos, minhas mensagens engraçadinhas de texto, pérolas trocadas com amigos em horas de desepero, alegria, amor ou total boredom no trânsito) e devolve o chip. Só o chip, amigos. A maquininha eu compro outra. Sem medo de ser feliz. Da vida não levamos nada mesmo... hehehe

18.10.05

Dogville

Acabo de ver Dogville. Esse é um dos típicos filmes que fazem sucesso, sobre os quais recebo bons comentários e ainda assim preciso encontrar o meu momento para ver. O mesmo aconteceu com Closer, mas por motivos mais óbvios. Engrossando o coro de algumas pessoas cujo gosto por cinema eu respeito, passo a ver a Nicole Kidman com outros olhos após esse filme. O trabalho dela realmente é primoroso. A história é fantástica, a montagem atende ao que veio (sem trilha, teatral, densa, etc)... E retrata a natureza humana. Rotten as it may get. É incrível como uma obra caricata como essa possui tanta semelhança com o que se vive. E em cenas trágcas, você abre um sorriso de tristeza ao ver que o mundo é aquilo mesmo. Que a natureza humana é algo da qual não se pode fugir. Ela está lá. Pode estar adormecida, disfarçada, mas está sempre lá. Há algum tempo vi Guerra dos Mundos, do Spielberg, acho. O filme é um lixo, mas tem uma cena interessante que me tocou. Algo sobre a brutalidade humana, quão animalescos nos tornamos sob circunstâncias adversas. Como a civilidade é frágil, assim como princípios, educação. Coisas que sempre acreditei regerem a minha vida (outro sorriso de tristeza). Mas se não podemos direcionar a vida levando em conta esse tipo de parâmetro, por que viver? Por pequenos prazeres, por metas de médio prazo, por coisas palpáveis. Pra conseguirmos coisas, palpáveis ou não, que se esvaem tão rapidamente. E vemos que não temos nada.

Queria tanto saber menos, pensar menos sobre isso. A idade contemporânea reserva algumas supresas desagradáveis. Acho que sei tanto, que sou tão cosmopolita, tão evoluída, apenas para descobrir que o verniz que recobre as coisas esconde apenas a verdadeira essência do mundo, das pessoas, do poder. Que nem bem conseguimos as coisas, queremos mais. E em algum momento, esse mais passa não ser suficiente. Então, o que resta? O que traz um mínimo de conforto? Alguns itens são higiênicos, sim. Mas o que existe além deles? Se eu deixar de pensar no meu mundinho, no meu sucessinho rumo ao Vale do Silício ou ao raio que o parta e for combater a fome ou a cólera em algum país da África, será que esse vazio passa ou será que mais uma vez vai ser apenas uma nova skill no meu currículo? Será que eu vou perder tudo o que prezo apenas para ver que a história é sempre a mesma? Que não importa pelo que você lute, você só o fará pra se decepcionar, pra ver como você não faz diferença, faz só número.

E eu que sempre acreditei ser uma Polliana convicta. Que decepção.

13.10.05

Shaná tová pra você também

Hoje acabou a maratona das grandes festas judaicas. Eu venho de duas semanas cantando uma média de 6 horas por dia. Não aguento mais. Meu corpo e minha voz estão pedindo arrego. Sem contar o meu paycheck, que vai emagrecer monstruosamente por causa das duas semanas não trabalhadas. Mas há o lado bom disso tudo.

Quem me conhece sabe que eu sou uma cética convicta no que diz respeito à religião. Fui criada como católica, cansei de frequentar a igreja, sei os mandamentos de cor, mas quando construí minha opinião sobre a religião, o tiro saiu meio que pela culatra. Acho que Deus é uma invenção humana para diminuir a sensação de impotência frente a coisas inexoráveis, como a morte. E essa crença é amplamente explorada por religiões, que são a forma de dominação mais efetiva da história da humanidade. Com tudo isso, eu sou louca por música sacra (go figure...), mesmo sabendo que a maior parte das peças sacras foi encomendada e (bem) paga aos grandes compositores, sem ter preconceito de obras como o Requiem de Brahms, que usa o texto protestante, que eu adoro, da mesma forma que adoro grandes missas, cantando o Agnus Dei do Requiem de Verdi a plenos pulmões e me emocionando com a grandiosidade da música.

Com esse amor à música e respeito (além de admiração) pela música sacra, tenho que dizer que tive momentos sublimes durante as grandes festas judaicas. Não conhecia praticamente nada do judaísmo, a não ser a parte do velho testamento, que é praticamente igual para judeus e católicos. Muito menos de hebraico. Nunca tinha passado pela minha cabeça que Adonai era Deus. Com toooodo esse preparo, aceitei o convite do maestro para cantar nos serviços.

A música judaica tem forte influência oriental, o que me fez suar muito pra conseguir ler à primeira vista, pois estranhei muito a harmonia. Penei dia e noite pra aprender umas 50 músicas em um mês, com letra em hebraico e umas partituras em que não se lia nada. Onde se lia e estava escrito uma sílaba como voi, eu tinha que ler tot, coisas assim. Samba do crioulo doido. Mas eu não esperava que fosse me tocar como me tocou. Não sei se foi a cultura, se foi o serviço cantado, só sei que em alguns momentos fiquei com os olhos cheios de lágrimas, grata por ser parte tão pequena de uma celebração que para mim não dizia nada, mas elevava a alma de quem estivesse ouvindo. E a minha, de quebra.

Foram horas de cansaço, tons caindo pra sempre, músicas acabando meio tom abaixo de onde haviam começado, jornadas cantadas de 6-8 horas. Mas valeu a pena. Se bobear, ano que vem estou lá de novo.

E ainda ganhei um pacote de Ferrero Rocher.

Shaná tová.

6.10.05

Sobre a solidão.

Estou muito só. Minha solidão é palpável. Dói.

Hoje estava falando com a Chandra sobre relacionamentos, eu choramingando daqui, ela de lá... então ela disse: a gente pode ser feliz sozinha. E eu não sei se concordei. Tudo bem, acho bacana uma pessoa ter vida própria, perseguir objetivos próprios, não viver em função de outrem. Mas qual é a graça de não poder compartilhar isso tudo com alguém? Sei que existem amigos e quem me conhece sabe que conquistar e manter amigos não é minha melhor característica, mas como se vive sem compartilhar amor? Amor sim, amor... aquele sentimento de ternura, admiração, afeto, respeito, desejo, cumplicidade... compartilhar algo.

Minha terapeuta diz que eu sempre estive sozinha, só que agora eu vejo isso porque não tenho mais de quem cuidar. Que eu tenho que me confortar sozinha, yada, yada, yada... Muito bem. Só que isso não faz com que doa menos, ou que seja menos desestimulante. Qual é o maldito mérito em se viver só e ser feliz? Por que essa pessoa merece mais, se pode ser fruto simplesmente de uma incapacidade social, afetiva, sexual, whatever? Por que alguém que não quer essa vida pra si é menos valorizado, se aqueles que vivem sozinhos muitas vezes pra se definir dependem do trabalho, do status, dos amigos, da posição... O que existe de tão errado em querer alguém pra dividir a vida? Não viver em função de outra pessoa, mas dividir essa função. E as alegrias, as tristezas, os sucessos...

Se minha terapeuta lê isso, olha e balança a cabeça, com aquela cara de: coitada... Não enxerga um palmo na frente do nariz. Pois é. I wish. Ignorance is bliss.