25.6.08

7500 milhas e muitas elocubrações

São 4500 milhas de Sao Paulo ao primeiro ponto nos EUA (Orlando, FL) e mais 3000 milhas já rodadas por aqui. Eu nem acredito que andamos tanto. Quem não me deixa mentir é o hodômetro do carro. Pegamos o bendito no dia primeiro de junho com 8080 milhas e ontem eu vi que ele está com 11045.

Estamos viajando faz quase um mês e algumas coisas já são identificáveis. Quando eu decidi sair ao redor do mundo, queria descobrir tantas coisas que sequer conseguia identificá-las. E saí de casa com o objetivo de ver o que esta viagem significa pra mim, o que realmente eu busco. Então sinto muito, mas esse blog vai se tornar meio que o meu celeiro de pensamentos e elocubrações, enquanto o rodinha no pé vai continuar sendo o diário da viagem (até porque minha mãe entra duas vezes por dia pra ver o que está acontencendo conosco).

Bem, aqui vamos nós.

Chegamos nos EUA, passamos uma semana e meia andando de montanha russa, comendo corn dog, fazendo coisa de criança. Iniciamos então a verdadeira viagem, começando pelo sul. Eu sempre tive uma visão meio (bem) romântica do sul dos EUA, de um lugar hospitaleiro, tranquilo pra se viver, com uma qualidade de vida alta. E descobri que não é bem assim. Conheço gente bacana que vive na área e medi o local pelas pessoas que conheço. Elas não são a média. A área tem muita beleza, zonas rurais incríveis, mas MEU DEUS! Eu não conseguiria viver aqui por 5 minutos. O pensamento geral é provinciano (e quando eu digo provinciano, pode acreditar... eu morei 5 anos em Brasília), em alguns lugares, você sente a intolerância e o preconceito no ar, gente que não se aceita (e não se enxerga), se acham donos da razão. Não digo isso por serem americanos ou não, eu adoro trabalhar com americanos, não tenho problemas com a atitude deles, acho até prática, afinal, são muito mais diretos e menos dissimulados que nós brasileiros, que tendemos a continuar com a MALDITA mania de "querer agradar" que, no fim das contas, prejudica todo mundo. Meu problema é com gente limitada em pensamento. Tanto o redneck ignorante quanto o intelectual mais ignorante ainda, muitas vezes. Toda generalização é burra. Toda generalização é burra. Esse tem sido um mantra pra mim. É difícil não julgar. Somos humanos. E essa humana aqui está cansada pacas. Dia sim, dia não eu pego o carro e corro 300 milhas pra algum lado.

Com essas e mais aquelas, começo a delinear mais o que quero da viagem. Sei que não quero fazer de novo o que fiz nesta primeira perna, correr pra um lugar novo a cada 5 minutos, mas também sabia disso ao vir. Optei por fazer essa parte de correria no começo, até porque previa que essa coisa sulista ia me cansar rápido. Agora preciso diminuir a velocidade, colocar as coisas nos eixos, ganhar um pouco de perspectiva. Quando saí de casa, fui muito clara a respeito de não querer ser uma turista por um ano. Quero ver como as pessoas vivem, fazer o que elas fazem. Ter um glimpse do que é a vida em vários lugares para poder tomar uma decisão realmente informada na hora de trocar de país ou não.