18.10.05

Dogville

Acabo de ver Dogville. Esse é um dos típicos filmes que fazem sucesso, sobre os quais recebo bons comentários e ainda assim preciso encontrar o meu momento para ver. O mesmo aconteceu com Closer, mas por motivos mais óbvios. Engrossando o coro de algumas pessoas cujo gosto por cinema eu respeito, passo a ver a Nicole Kidman com outros olhos após esse filme. O trabalho dela realmente é primoroso. A história é fantástica, a montagem atende ao que veio (sem trilha, teatral, densa, etc)... E retrata a natureza humana. Rotten as it may get. É incrível como uma obra caricata como essa possui tanta semelhança com o que se vive. E em cenas trágcas, você abre um sorriso de tristeza ao ver que o mundo é aquilo mesmo. Que a natureza humana é algo da qual não se pode fugir. Ela está lá. Pode estar adormecida, disfarçada, mas está sempre lá. Há algum tempo vi Guerra dos Mundos, do Spielberg, acho. O filme é um lixo, mas tem uma cena interessante que me tocou. Algo sobre a brutalidade humana, quão animalescos nos tornamos sob circunstâncias adversas. Como a civilidade é frágil, assim como princípios, educação. Coisas que sempre acreditei regerem a minha vida (outro sorriso de tristeza). Mas se não podemos direcionar a vida levando em conta esse tipo de parâmetro, por que viver? Por pequenos prazeres, por metas de médio prazo, por coisas palpáveis. Pra conseguirmos coisas, palpáveis ou não, que se esvaem tão rapidamente. E vemos que não temos nada.

Queria tanto saber menos, pensar menos sobre isso. A idade contemporânea reserva algumas supresas desagradáveis. Acho que sei tanto, que sou tão cosmopolita, tão evoluída, apenas para descobrir que o verniz que recobre as coisas esconde apenas a verdadeira essência do mundo, das pessoas, do poder. Que nem bem conseguimos as coisas, queremos mais. E em algum momento, esse mais passa não ser suficiente. Então, o que resta? O que traz um mínimo de conforto? Alguns itens são higiênicos, sim. Mas o que existe além deles? Se eu deixar de pensar no meu mundinho, no meu sucessinho rumo ao Vale do Silício ou ao raio que o parta e for combater a fome ou a cólera em algum país da África, será que esse vazio passa ou será que mais uma vez vai ser apenas uma nova skill no meu currículo? Será que eu vou perder tudo o que prezo apenas para ver que a história é sempre a mesma? Que não importa pelo que você lute, você só o fará pra se decepcionar, pra ver como você não faz diferença, faz só número.

E eu que sempre acreditei ser uma Polliana convicta. Que decepção.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poliana voce? HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHA! Very funny ;)